Page 390 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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ULTRASSONOGRAFIA APLICADA À DERMATOLOGIA E À COSMIATRIA




       acometimento locorregional em 17 a 76% dos casos e metástases à distância ocorrem em aproximadamente
       50%, tanto por via hematogênica quanto linfática, com taxa de letalidade que varia de 20 a 55%. Os órgãos mais
       acometidos são, em ordem de frequência, pele, linfonodos, fígado e pulmões. A sobrevida em 5 anos é de 64%
       para doença localizada, 39% para acometimento linfonodal e 18% para metástases à distância.
            Não há achados específicos de carcinoma de células de Merkel à dermatoscopia e há poucos estudos
       publicados sobre o tema. O padrão vascular é o predominante, com presença de áreas e/ou glóbulos rosa-
       -leitosos, polimorfismo vascular e vasos lineares irregulares, em foco ou desfocados. A avaliação do grau de
       foco dos vasos é importante, pois as lesões costumam apresentar aspecto misto e destaca-se a presença de
       áreas branco-brilhantes visualizadas, nesses casos, com e também sem polarização.

            A presença de áreas rosa-leitosas associada à presença de vasos lineares e irregulares, arboriformes
       ou de padrão polimórfico são achados comuns vistos em diversas neoplasias cutâneas malignas, como o
       melanoma amelanótico, e devem servir de alerta para uma avaliação mais detalhada. Nessas situações,
       deve-se considerar o carcinoma de células de Merkel como possível diagnóstico diferencial.
            Na histopatologia, a neoplasia mostra-se como um nódulo dérmico, mal definido, que frequentemen-
       te infiltra a gordura, fáscia e músculo. O infiltrado celular é uniforme e monótono, composto de pequenas
       células basaloides redondas a ovais, com núcleo ovoide vesicular e nucléolo não proeminente, bem como

       citoplasma escasso, com numerosas figuras de mitose e corpos apoptóticos. Áreas de necrose extensa ou
       focal são comuns. São descritas três variantes: trabecular, intermediária e de pequenas células, no entanto,
       formas mistas ou transicionais são as mais comumente encontradas. A relação entre o tipo histológico
       e o prognóstico é controversa. Os achados histopatológicos não são característicos e os principais diag-
       nósticos diferenciais incluem: metástase cutânea de carcinoma de pequenas células do pulmão, linfoma
       cutâneo, melanoma, tumores neuroectodérmicos primitivos (PNET) e carcinoma espinocelular (CEC) pouco
       diferenciado. É importante ressaltar que, não infrequentemente, o CCM ocorre de maneira concomitante a
       outras lesões de origem epitelial, sendo mais comum a associação com CEC invasivo. Doença de Bowen,
       carcinoma basocelular, queratose actínica e carcinoma sebáceo também já foram associações relatadas.

       Após a análise histopatológica, o estudo imunohistoquímico faz-se mandatário para a definição diagnósti-
       ca. Caracteristicamente, o CCM apresenta positividade para marcadores epiteliais, como citoqueratinas 20 e
       8/18, e neuroendócrinos, como cromogranina (CgA), sinaptofisina (Syn) e enolase neuro específica (NSE). A
       expressão combinada desses marcadores e o dado que corrobora o diagnóstico. A citoqueratina 20 é consi-
       derada um marcador padrão nos casos de CCM, já que está presente em até 95% dos casos, frequentemente
       expressa com padrão em dot perinuclear.
            O tratamento é baseado na exérese cirúrgica completa, associada ou não a tratamentos adjuvantes,

       como quimio e radioterapia, a depender da extensão da doença. Radioterapia pós-operatória do leito
       tumoral e da cadeia linfática podem ser consideradas para melhor controle local, devido à radiossensi-
       bilidade do tumor. A quimioterapia é uma opção paliativa nos estadios avançados, com resposta positiva
       em dois terços dos pacientes, porém, é frequente a recorrência em alguns meses. As margens cirúrgicas
       propostas variam de 1 a 3 cm e a técnica de Mohs está bem indicada para locais nas quais elas possam
       ser impraticáveis como, por exemplo, a face. Considerando-se que há doença linfonodal subclínica em


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