Page 389 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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SEÇÃO I
(E) No HE tem-se prolife-
ração de células fusifor-
mes, com núcleos hiper-
cromáticos, alongados e
relativamente uniformes, e
citoplasma de limites indis-
tintos, invadindo a pele na
região da transição dermo-
-epidérmica.
CARCINOMA MERKEL
O carcinoma de Células de Merkel (CCM), descrito inicialmente por Toker, em 1972, é uma neoplasia
cutânea rara e agressiva, com discreta predileção para o sexo masculino, sendo mais frequente em cauca-
sianos, com idade média de 65 anos ao diagnóstico. As evidências mais atuais apontam que a neoplasia
tem origem em células-tronco pluripotentes cutâneas, particularmente da linhagem epidérmica; hipótese
apoiada pela frequente associação com outros tumores originados na epiderme, como carcinoma espinoce-
lular e doença de Bowen. Classicamente, o CCM está associado à exposição solar crônica e imunossupres-
são. Pacientes transplantados, com infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), e portadores de
neoplasias hematológicas constituem grupo de risco.
Há, na literatura, relatos de regressão desses tumores após reconstituição da função imune em pa-
cientes imunossuprimidos, bem como relatos de regressão espontânea, sugerindo que um pronto reconhe-
cimento da lesão pelo sistema imune possa levar à destruição do carcinoma. Em 2008, foi descrito um vírus
da família poliomavírus (Merkel cell polyomavirus), para o qual se demonstra positividade em 80-90% dos
CCM, contudo, o real fator determinante do potencial oncogênico desse vírus permanece não esclarecido.
Os casos de CCM associados ao poliomavírus (MCPyV+), no entanto, parecem apresentar melhor prognós-
tico e maior tempo de sobrevida livre de doença, provavelmente relacionado à capacidade do vírus em
estimular a resposta imunológica do hospedeiro.
Clinicamente, o CCM apresenta-se como nódulo solitário ou placa eritematosa ou violácea, firme, de cres-
cimento rápido, geralmente indolor, com eventual ulceração, na cabeça ou no pescoço. Tronco, extremidades e
áreas fotoprotegidas são localizações de menor frequência. Devido à variabilidade em sua apresentação clínica,
Heath e cols. propuseram o acrônimo AEIOU, na tentativa de auxiliar o diagnóstico (Asymptomatic, Expanding
rapidly, Immune supression, Older than 50 years, Ultraviolet exposed site). A recorrência local é muito frequente, há
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