Page 320 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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ULTRASSONOGRAFIA APLICADA À DERMATOLOGIA E À COSMIATRIA
Adaptar um preset específico para nervos periféricos ajuda na rotina diária, devendo-se atentar
ao equilíbrio do contraste (Dynamic Range), a imagem harmônica, a imagem composta (“speckle”), a
imagem panorâmica, dentre outras ferramentas.
Para cada nervo, deve-se realizar a varredura destes nos cortes transversal e longitudinal e,então,
aferir a área seccional transversa (CSA) nos cortes transversais com ajuste do ângulo perpendicularmente
à superfície do nervo insonada e sem pressionar as estruturas com traço contínuo, internamente às bor-
das hiperecoicas do epineuro (Figura 14). Os nervos dos membros superiores podem ser avaliados com o
paciente sentado e os cotovelos fletidos entre 60-90º e os nervos nos membros inferiores, com o paciente
sentado ou em decúbito lateral, com pernas ligeiramente fletidas entre 90-130º.
Em relação ao Doppler, devemos ajustá-lo: a) reduzir o PRF ao mínimo (0,2 a 0,5 MHz) ou ir
reduzindo até que comecem os artefatos; b) ganho do Doppler acima de 50 % e até que comecem a
aparecer os artefatos – então, diminuir um pouco; c) sensibilidade baixa; d) filtro de parede baixo.
Laudo do ultrassom dos nervos periféricos: o que esperar, como interpretar, o que concluir?
Devemos analisar a hipertrofia ou espessamento neural onde a CSA deve estar além de dois desvios-
-padrões dos limites superiores da normalidade e calcular os ∆CSA (direito e esquerdo) e ∆TpT (diferença
entre o mesmo nervo – focalidade). Além disso, solicitar quando não especificados, no laudo, os parâmetros
ecotexturais ou morfológicos dos nervos periféricos como hipoecogenicidade, espessamento epineural e
presença ou ausência de Doppler endoneural e perineural (ultrassom de nervos periféricos, bilateral, com
Doppler, incluindo dados das medidas das CSA e dados dos padrões morfológicos).
O laudo sem espessamento neural ou outras alterações de nervos periféricos não exclui o diagnósti-
co de hanseníase, pois a lesão pode estar nos ramúsculos neurais, e não nos troncos nervosos.
O laudo com espessamento neural tampouco confirma o diagnóstico de hanseníase, pois o diagnós-
tico é eminentemente clínico. Entretanto, o espessamento neural com a presença de assimetria, focalidade,
Doppler, espessamento epineural, sem alteração eletrofisiológica ou com alterações no exame dermato-
neurológico deve nos fazer pensar no diagnóstico de hanseníase neural pura ou primária.
Hanseníase é uma doença primariamente neural, causando uma mononeuropatia ou polineuropatia
hipertrófica e quando avaliada pelo HRUS. A neuropatia na hanseníase tem característica não só o aumento
da CSA, mas também o padrão de assimetria e focalidade, as alterações morfológicas e a presença ou não
do Doppler.
TUBERCULOSE
A tuberculose (Tb) cutânea é causada pelo complexo Mycobacterium tuberculosis, bovis e bacillus
Calmette-Guérin (BCG), que penetra a pele de um indivíduo susceptível e, dependendo da imunidade in-
dividual, do inóculo, da porta de entrada do agente e da resposta imune individual, desencadeará uma
manifestação clínica.
Pode-se dividir as formas clínicas da seguinte maneira:
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