Page 145 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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SEÇÃO I
Granuloma piogênico
O granuloma piogênico, também conhecido como granuloma telangiectásico ou hemangioma capilar
lobular, é uma proliferação vascular relativamente comum da pele e da mucosa, podendo ocorrer em loca-
lização intravascular, subcutânea e no trato gastrointestinal.
A lesão pode surgir espontaneamente em áreas de trauma, em virtude de quimioterapia ou dentro de
malformações capilares. Clinicamente, caracteriza-se por lesão solitária, vermelha, pedunculada e friável, de
crescimento rápido, podendo ter a superfície exulcerada e com tendência a sangramentos (Figura 9).
Vários fatores estão implicados na etiopatogênese dessa entidade, porém, a causa exata é desco-
nhecida. O uso de certas medicações, como anticoncepcionais orais, retinoides, gefitinib, afatinib, antirre-
trovirais, quimioterápicos e agentes imunossupressores podem participar da patogênese do granuloma
piogênico. Além disso, alterações hormonais como gravidez e neoplasias, como o melanoma, podem ser
fatores associados ao desenvolvimento dessa lesão. Os mecanismos propostos enfatizam a importância de
um insulto, resultando em um desbalanço de fatores pró-angiogênicos e antiangiogênicos, levando a uma
rápida proliferação de capilares neovasculares, friáveis e de características lobulares.
Histologicamente, o granuloma piogênico é composto por capilares e veias com células endo-
teliais separadas em lóbulos por estroma fibromixoide. A epiderme é atrófica ou ulcerada, com crosta
contendo neutrófilos na superfície. O desenvolvimento da lesão pode ser classificado em fase celular,
fase capilar ou vascular e fase involutiva.
Entre os diagnósticos diferenciais estão as lesões malignas como o melanoma amelanótico, o carcinoma
espinocelular, o carcinoma basocelular e o angiossarcoma. Com relação às lesões benignas, deve-se diferenciar
de hemangioma, nevo melanocítico irritado, nevo Spitz, verrugas, fibroqueratoma digital adquirido, tecido de
granulação pós-trauma, tumor glômico e hiperplasia angiolinfóide com eosinofilia.
O exame de ultrassom de alta frequência pode auxiliar nesses diagnósticos diferenciais. O granulo-
ma piogênico, geralmente, apresenta-se como lesão sólida epidérmica ou dérmica, exofítica ou polipoide,
hipoecogênica. Ao Doppler, observa-se vascularização acentuada, com vasos arteriais e venosos, geralmente
com baixas velocidades (Figuras 10, 11 e 12).
Diversas abordagens podem ser realizadas para o tratamento dessa patologia, podendo-se citar a
eletrocoagulação, cauterização química, shaving com eletrocoagulação, exérese, crioterapia, tratamentos
medicamentosos (imiquimode, beta bloqueador tópico) e laser.
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