Page 378 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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ULTRASSONOGRAFIA APLICADA À DERMATOLOGIA E À COSMIATRIA



            Carcinoma espinocelular

            O carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo câncer de pele não melanoma mais comum, corres-
       pondendo a cerca de 20% dos tumores cutâneos. Nos EUA, anualmente, há 1 milhão de novos casos e 9 mil
       óbitos por essa neoplasia.
            É uma proliferação atípica das células espinhosas, com carácter invasor, podendo dar metástases. É
       mais frequente em homens, após os 50 anos de idade, estando associado à exposição solar e ao tabagismo.
            Clinicamente, manifesta-se por área de queratose infiltrada ou nodular, com aumento progressivo,
       podendo ulcerar. Com o passar do tempo, pode ocorrer maior infiltração das bordas, tornando-se vegetante.
            Fatores de risco para o desenvolvimento do CEC são: fototipo I-III, sexo masculino, exposição à radiação

       solar ou outra radiação ultravioleta, imunossupressão, infecção por HPV, queimaduras prévias, cicatrizes prévias,
       síndromes neoplásicas familiares e exposição ambiental, por exemplo, a arsênio.
            Histopatologicamente, pode-se classificar o carcinoma espinocelular em: bem diferenciados (com bai-
       xo potencial de metástase), moderadamente diferenciado e pouco diferenciado (alto risco de metastatizar),
       sendo este de pior prognóstico.
            O carcinoma espinocelular in situ apresenta escamas opacas branco-amareladas (geralmente, em
       menor quantidade que as queratoses actínicas) e agrupamentos de dois tipos de padrões vasculares arre-

       dondados: vasos em ponto e vasos glomerulares (ou enovelados). Esses padrões podem coexistir na mesma
       lesão e costumam apresentar-se em grupos ou “clusters”.
            Círculos brancos são achados específicos do CEC inicial e da queratose actínica e representam os
       tampões queratóticos foliculares e perifoliculares. Com a evolução do CEC in situ para CEC microinvasor, há
       um espessamento clínico da lesão, refletindo numa mudança no padrão vascular à dermatoscopia, que se
       apresenta como vasos em alça (ou grampo)  e/ou vasos lineares e irregulares. Pode apresentar o centro da
       lesão queratótico ou ulcerações. Esses achados refletem o crescimento vertical (invasor) da lesão.
            Em relação às lesões faciais, Zalaudek publicou, em 2012, um modelo de progressão dermatoscópica
       das lesões de queratose actínica, evoluindo para um CEC in situ e posterior CEC invasivo. Inicialmente, a

       queratose actínica apresenta um padrão de pseudorrede avermelhada (“em morango”). Na progressão para o
       CEC in situ nota-se intensificação das escamas opacas branco-amareladas (queratina) e padrão vermelho de
       estrias radiadas (“em explosão de estrelas”). Com a continuidade da progressão, pode-se notar aumento da
       neovascularização através da presença de “clusters” de vasos em ponto e/ou glomerulares e intensificação
       das escamas de queratina, que ficam mais espessas e coalescem, predominantemente, no centro da lesão.
       Com a evolução da lesão em CEC invasivo, nota-se alongamento dos vasos; com a presença de vasos em alça
       e/ou vasos lineares e irregulares, sinais de queratinização e áreas de ulceração.

            Assim, os critérios dermatoscópicos para carcinoma espinocelular incluem: estruturas opacas variando
       do amarelo ao castanho (presença de queratina, simbolizando a hiperqueratose e paraqueratose), pontos e
       áreas hemorrágicas (do vermelho ao preto), círculos brancos, áreas brancas sem estrutura, vasos em alça/
       grampo, vasos lineares e irregulares com halo esbranquiçado e ulceração.
            Os critérios “presença de queratina” e círculos brancos apresentam uma sensibilidade e especifici-
       dade para o diagnóstico de CEC de 79% e 87%, respectivamente. A presença de vasos em mais da metade


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