Page 426 - Ultrassonografia Aplicada à Dermatologia e à Cosmiatria - Uma Abordagem Clinica e Ecográfica
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ULTRASSONOGRAFIA APLICADA À DERMATOLOGIA E À COSMIATRIA
INERVAÇÃO DA FACE
A face é inervada, predominantemente, pelos nervos facial e trigêmeo. O nervo facial (VII) par
de nervo craniano é misto, sensitivo para a região auricular e gustativa, autonômico para as glândulas
lacrimais e salivares e, também, motor para expressão facial, couro cabeludo e orelha externa, bucinador e
platisma. Dentro da parótida, emite troncos temporofacial e cervicofacial, que emitem os ramos: temporais,
zigomáticos, bucais, mandibular e cervical. Já o nervo trigêmeo (V par de nervo craniano) é sensitivo cutâneo
e motor da mastigação. Seus prolongamentos periféricos sensitivos formam três ramos: (1) nervo oftálmico,
que emite os ramos supraorbital e supratroclear e adentram a face pelos forames de mesmo nome. (2)
nervo maxilar, que emite os ramos zigomaticofacial, zigomaticotemporal e o nervo infraorbital, que penetra
na face através do forame infraorbital; (3) nervo mandibular: seu ramo terminal é o nervo mentoniano, que
passa pelo forame mentual. Os ramos periféricos do trigêmeo podem ser caracterizados no ultrassom de
alta resolução, junto aos forames.
VASCULARIZAÇÃO DA FACE
O conhecimento da vascularização da face é de extrema importância para os procedimentos esté-
ticos. Embora não haja área segura na face, sabe-se que existem zonas de maior risco para a injeção de
preenchedores e bioestimuladores, sendo consideradas de muito alto risco as regiões do nariz, glabela e
fronte. As regiões de alto risco são as regiões temporal, periorbitária, malar medial e do sulco nasolabial.
A vascularização da face (Figura 19) é realizada, principalmente, pela artéria carótida comum, que se
divide em artérias carótida interna e carótida externa, na altura da borda superior da cartilagem tireoidea.
O principal ramo da artéria carótida externa é a artéria facial (AF), que passa sob o ventre posterior do
músculo digástrico e sob o músculo estilo-hioideo na região cervical. Continua posteriormente à glândula
submandibular e contorna a borda inferior da mandíbula, junto à borda anterior do músculo masseter, no
compartimento de gordura profundo, que a protege. Esse é o primeiro ponto para se visualizar a AF na face
(Figura 20).
A AF segue superiormente e emite a artéria labial inferior, que passa sob o músculo depressor do
ângulo oral e penetra no lábio inferior, cruzando o músculo orbicular da boca, dirigindo-se, na maioria das
vezes, para um plano submucoso.
A AF tem trajeto ascendente e se superficializa quando se aproxima da comissura labial, localizando-
-se a cerca de 1,5 cm desta. Nessa região, o músculo bucinador emite fibras que fixam a AF, sendo o segun-
do ponto da face onde, facilmente, a AF pode ser visualizada. (Figura 21). Após a emissão da artéria labial
inferior, a AF ascende e emite a artéria labial superior (Figura 22), que passa entre as duas bandas distais do
músculo zigomático maior, passando superficialmente ao músculo orbicular da boca até penetrá-lo para
uma posição submucosa. Ambas as artérias labiais, inferior e superior, anastomosam-se com as suas contra-
laterais e emitem diversos ramos cutâneos.
A AF segue em direção à fossa canina (Figura 23), local comum de injeção de preenchedores suprape-
riosteais. Nessa região, a artéria facial é, geralmente, superficial, mas pode, eventualmente, localizar-se profun-
damente, aumentando o risco de dano vascular durante a injeção de preenchedores.
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